sábado, 10 de julho de 2010

O Rebú

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Minha impressão é que falamos muito de novela e na verdade a conhecemos muito pouco. De fato o impacto que a televisão tem na vida dos brasileiros é assunto para uma biblioteca de teses. E se analisarmos de que forma a novela ganhou o espaço que tem, a importância que tem - dá outra biblioteca de teses. A cada dia que estudo mais os formatos de tv, e principalmente, a história da novela no Brasil, fico mais impressionado com o quanto de revolucionária estas já foram. O por quê de não serem atualmente é um outro papo.
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Não sou um noveleiro, não mesmo. Mas eu era, acho que até certa idade eu me envolvia, e por algum motivo, me desconectei com o gênero. No entanto não sou daqueles que acham que novela é o mal de todos os problemas do brasileiro. Que a novela é a razão da pobreza intelectual do nosso povo. Depois que comecei a trabalhar com televisão, você começa a prestar atenção que novela é só mais um formato de TV, e podem ser maravilhosas produções. O por quê do brasileiro ser "viciado" em novelas também é outro papo.
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Analisando de forma fria o formato, novela é um Romance. A diferença está na estruturação da narrativa, claro. Quer dizer, um ou dois bons conflitos a serem resolvidos e muitas histórias (núcleos) entrelaçadas, que juntas formam a trama. Claro que está repleta de clichês, técnicas e fórmulas para que você acompanhe. Atualmente está tudo estudado, o tempo da trama, o tempo do capítulo, o tempo de break, os ganchos, a formatação dos personagens e etc... Agora, a forma de como são usadas é um outro papo também. :) Na minha opinião a indústria enquadrou um modelo que fomenta um investimento tão alto que, de tal forma, hoje difícilmente você verá uma produção experimental.
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Mas no passado não era exatamente assim. No Brasil, a primeira novela está datada em 1963 na TV-Excelsior e chamava-se 25499 Ocupado. Nesse início foram todas adaptações de autores argentinos e cubanos. Ao passar dos anos, além do que poderia se chamar de um texto tradicional, a busca para encontrar um formato vencedor, entre outras coisas, gerou textos e produções altamente experimentais e inovadoras. Existia espaço para uma ousadia, que é tudo que gostaríamos de ver na TV hoje em dia.
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Por exemplo a novela O Rebú de Bráulio Pedroso (1974):

Novela de Bráulio Pedroso, O Rebu representou uma ousada tentativa de inovação na teledramaturgia brasileira. Em sua mansão no Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro, o banqueiro Conrad Mahler (Ziembinski) organiza uma festa para recepcionar a princesa italiana Olympia Buoncompagni (Marília Branco). Ao amanhecer, os convidados descobrem um cadáver na piscina da mansão, e forma-se então o cenário perfeito para uma história policial.

A grande surpresa estava na estrutura narrativa da novela: todos os seus 132 capítulos transcorriam durante 24 horas, em seqüência não-cronológica: a noite da festa e o dia seguinte, com a investigação policial. A ação se dividia entre as investigações da polícia e os acontecimentos ocorridos durante a festa, sobre os quais o telespectador era informado através das cenas em flashback dos personagens. Qualquer um dos 24 convidados e outras pessoas que estiveram na mansão durante a festa eram suspeitos.

Outra novidade de O Rebu era que além da identidade do assassino e da razão do crime, questões mais ou menos tradicionais em uma trama policial, o telespectador também não sabia desde o início quem havia sido assassinado. Durante vários capítulos, o cadáver permaneceu na piscina, boiando de bruços. (site Globo Memória)
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Detalhe: Trilha Sonora assinada por Raul Seixas e Paulo Coelho.
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Me diz se não é sensacional?

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