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Estava relutante em escrever artigos. Meus artigos acabam ficando com uma linguagem chata, teórica, acadêmica e formal. Mas só escrevendo para melhorar né? Então lá vai o primeirão. ;)
Faz tempos que penso na questão reality show em nossas vidas. Que tendência é essa? Ok, não é um fenômeno tão recente assim, mas sua consequencia está mudando a forma de como consumimos informação, principalmente, o entretenimento. A causa, sem dúvida, para mim é um estudo sociolágico, antropológico e midiático. Vou além, é uma questão de Poder. Vou tentar chegar lá:.................
Qual a razão do sucesso de um reality show? Qual a razão para o culto ao anti-herói? Qual a razão para desmistificação do Mito? Você concorda comigo que atualmente coexistem Heróis/Mitos Factuais e os Fictícios?
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Resposta exata não sei se existe. Possivelmente deve estar em alguma tese em Harvard ou em Oxford. Mais do que respostas fixas e entendidas, o melhor de tudo é a reflexão. O poder de criação de Mitos, mudou de lado. O real não se mostra mais como uma ficção embora seja tratado como um show.
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Desde a criação dos Deuses em sociedades arcaícas até a mitologia Grega, a criação de seres além do real só tinha um objetivo: respostas. Era a única explicação para a chuva, o sol, fenômenos naturais e por que não sociais.
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Com o surgimento e domínio do império religioso ocidental e oriental, a criação de herói/mito centralizou-se em um "gatekeeper", os mistérios do mundo só tinha uma fonte. Assim o herói de todas as necessidades objetivas e subjetivas era um Deus e seus anjos e etc....Muito tempo se passou até quando igrejas e o poder religioso perderam seus poderes argumentativos da Verdade. Caiu em descrédito, assim como seus deuses.
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Uma sociedade sem respostas seria o caos. É então que aparecem os personagens literários, o teatro, a ópera - para dar continuidade a imaginação popular. Ao ser não-real, longe das atrocidades humanas.
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O Iluminismo põe o Homem no seu devido lugar, no centro do mundo e a partir de então, é no solo e nos recursos da academia e da ciência que a sociedade vai então se preocupar e avançar no que acreditava ser o melhor para si. A arte pictórica até então regrada por uma realidade recebe os primeiros sinais de contravenção, a realidade até então criada pode ser distorcida.
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Mas é com a invenção do Rádio que a mitificação ganha outros ares. A reação sensorial do som, bem diferente da literatura, é mais fácil, é mais confortável aos nossos sensores cerebrais. Os personagens do dia-a-dia ganham seguidores, a propaganda entra em ação, a tecnologia se transforma em segundos - está criada a linguagem mediática como a conhecemos. A sociedade do espetáculo, que sempre existiu de alguma forma, ganha seu primeiro grande pilar.
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O seu segundo pilar e o mais rígido de todos é, na minha opinião, a invenção do século. Possivelmente aquela que mudou o ser humano para sempre. A caixa mágica de sonhos e ilusão - a Televisão. Com a TV, o Mito é visível, está alí se movendo, falando, gesticulando, não faz mais parte de uma criação imaginativa. Personagens se misturam a cada hora em uma consfusão de seres de verdade (factual) e os de mentira (ficção).
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O terceiro pilar, a imprensa, já bem resolvida em quanto forma - atinge a formação de opinião e eleva assim como destrói qualquer mito, bastando uma opinião e uma foto.
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O quarto pilar é completo. O cinema se transforma na experiência completa de sensações, na plenitude do contador de histórias, do imaginário renasce o herói de manual: seja ele um romântico, um aventureiro até mesmo um ladrão.
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Na música, o fenômeno acontece em a partir dos anos 50 com o advento da gravação e tocadores de disco. Aliado a Imprensa, Rádio, Televisão e Cinema, aparecem os primeiros grande Mitos da música, tal como Elvis Presley e se não o maior de todos - os Beatles. Os grandes movimentos artísticos já estão reservados aos interessados, a arte perde valor e assim como Andy Warhol surge então a Indústria Cultural de massa.
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Daí para frente você possivelmente conhece todos os grande símbolos mediáticos e seus movimentos - mas, é então que acontece o que a mídia não imaginava. É a partir principalmente dos anos 80 com a depreciação artística através das drogras, da Aids e do aperfeiçoamento do aparato mediático, que Herói/Mito se mostra frágil - humano.
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Não que tenha sido ruim. A máscara da fantasia cai, e com o fim da guerra fria, o herói norte americano não faz mais sentido. A sociedade parece cansada de criações, do plástico, do fake.
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É então que a Internet surge, e uma nova forma de ver e assistir o real muda o roteiro desse filme.
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